A prática do Semeio Abafado na Serra do Cabral

O trabalho da Comunidade do Sítio Cabral, no município Mogeiro/PB é  um exemplo de agricultores que se organizam para realizar o semeio abafado coletivamente.

O agricultor Horácio Vicente Gonçalves, cultivava em  seu  roçado: milho, fava, feijão preto e mulatinho. Seu Horácio adoeceu logo após o nascimento da lavoura, com isso, não ele pode limpar o mato que tomou conta do roçado, afogando a lavoura que morreu sufocada.

Um  mês  depois,  com  a  saúde  recuperada,  o agricultor retornou ao roçado e foi surpreendido 

com uma grande quantidade de mato. Como já era meio do inverno, pensou: "vou jogar o feijão      mulatinho e roçar o mato pra fazer uma cama" e assim fez. Neste inverno choveu bastante, o feijão cresceu e florou garantindo um bom lucro.

A experiência foi surpreendente, dali por diante sua família adotou a experiência e os vizinhos vendo um 

bom lucro com obtido, também resolveram fazer o mesmo.

Hoje esta prática do semeio abafado tem sido vivenciada por agricultores familiares do município de 

Mogeiro e também em diversos estados brasileiros, permitindo aos agricultores fazer duas colheitas 

num mesmo ano.

    

Preparação do terreno para o plantio do feijão

Segundo os agricultores da Associação Comunitária Santa Marina, após a mudança no modo de produzir das famílias agricultoras das comunidades do sitio Cabral, a produção triplicou, garantindo estoque pra comer e comercializar.

A experiência foi tão positiva que hoje muitas comunidades vizinhas praticam regularmente o método do Semeio Abafado, a exemplo das comunidades: Gaspar, Amarelo, Granjeiro, Gameleira, Serra Verde, Benta Hora.

A produção além de ser rentável é muito saudável  para os agricultores e para a natureza. Eles produzem de forma totalmente agroecológica, as plantas e o solo ficam totalmente protegidos com queimadas.                                                    

Agricultores batem o feijão para debulhar as sementes

Algumas  dicas  para  realizar  um bom Semeio Abafado:

• As sementes de feijão ideais são: preto, faveta, gordo, carioca e ovo de rola.
• Deve-se semear em terra preta ou barro.
• Deve-se realizar o Semeio no tempo certo: no meio do inverno, período entre maio e junho.
• É preciso saber jogar o feijão, mantendo uma distancia entre uma semente e outra.
• O mato ideal é: chumbinho, mameleiro, jurema branca e preta, juá, camará, calumbi, mas até um mato rasteiro, dependendo do inverno dará feijão.
• O semeio pode ser realizado consorciado com o milho 1kg para cada saca de feijão.
• Na colheita deve-se pendurar o feijão nos tocos e sobre os garmelos para evitar que as sementes se estraguem.
• Os feijões de rama rendem até 30 sacas de sementes, já os sem rama, podem render 18 sacas.
• Quantidades para o plantio:

      Faveta e mulatinho: 60 kg por 01 hectare,
      Gordo branco: 60 em 01 hectare vinte e cinco
      Preto 60 kg em 01 hectare e meia

Agricultores fazem a colheita do feijão

Vantagens do Semeio Abafado:

                                                   

•   A colheita do feijão na bage, deixando maior lucro para o agricultor.
•   As  palhas  servem  para  alimentação  dos animais e para fertilizar o solo.
•   Os  agricultores/as  ganham  tempo,  pois  o trabalho  é  reduzido  e  a  colheita  é  bem  mais       rápida.
• O não uso de agrotóxicos.
• O solo não será queimado.
• As sementes são limpas.
• Evita a erosão da terra, que fica coberta com o  resto de vegetação.
• Perde menos feijão.
• Qualidade  do  alimento,  produzido agroecologicamente.
• O trabalho é feito em mutirões em algumas comunidades.
• O  feijão  faveta  pode  ser  comercializado maduro, o lucro é bem maior.

Colheita do feijão

Fontes de pesquisas: 

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Paraíba.
www.asabrasil.org.br